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"Relacionamentos em Crise: A Falta de Responsabilidade Afetiva é o Verdadeiro Problema?"

  • Foto do escritor: Maria Eduarda  Dreyer de Alencastro
    Maria Eduarda Dreyer de Alencastro
  • 17 de abr.
  • 3 min de leitura

"Até que ponto somos realmente responsáveis pelo que o outro sente? Essa percepção pode estar impactando suas relações."



A responsabilidade afetiva é um termo cada vez mais falado nas redes sociais. Mas o que isso realmente significa?

De maneira simples, trata-se da consciência que temos sobre como nossas escolhas e ações impactam as pessoas com quem nos relacionamos. É estar atento às consequências do que fazemos para aqueles que nos importam, envolvendo empatia, humildade para assumir as próprias ações e um cuidado que favorece relações mais saudáveis e satisfatórias.

Particularmente, acho essencial ter esse olhar atento enquanto estamos em uma relação—seja ela amorosa, de amizade ou familiar. A responsabilidade afetiva é um dos pilares para cultivar respeito e sensibilidade às necessidades das pessoas importantes para nós.

Mas percebo que há uma armadilha aqui: muitas vezes, há um mal-entendido sobre o que realmente significa responsabilidade afetiva. No consultório, frequentemente escuto relatos de pessoas que dizem que o outro "não devia tê-las feito sofrer"—e confesso, já me vi pensando assim também. Em alguns casos, escuto acusações de falta de responsabilidade afetiva, com uma expectativa de que a solução para o sofrimento emocional venha da pessoa que causou a dor.

Sim, é verdade que quem machuca deve buscar reparação. Mas quando a dor é emocional, por mais que o outro tente consertar as coisas, é quem sente que precisa lidar com seu próprio sofrimento. Muitas vezes, a acusação surge como um reflexo da raiva, que surge para abafar a dor real que a situação provocou. Isso pode gerar uma confusão sobre os papéis e responsabilidades em um relacionamento.

Imagine que eu tenha faltado a um evento importante para meu marido, no qual ele contava com minha presença, e isso o deixou chateado e frustrado. Mesmo que eu peça desculpas, demonstre carinho, compre um presente ou me comprometa a dar mais atenção aos convites dele, se ele continuar fechado, preso à culpa que atribui a mim e remoendo o que aconteceu, nada do que eu fizer poderá aliviar essa dor. Afinal, o perdão depende mais de quem perdoa do que de quem machucou, não é mesmo?

Se não estamos dispostos a mudar, nada acontece.

Você pode pensar: como assim, ninguém quer sofrer! É claro que não! Mas há uma diferença entre querer e agir.

Sentimentos não são obstáculos a serem eliminados; eles precisam ser sentidos, compreendidos e libertados. E só quem pode fazer isso é quem os está vivenciando.

Quando coloco sobre os outros a expectativa de que têm o dever de evitar meu sofrimento ou de me fazer sentir melhor, acabo ignorando a oportunidade de ouvir o que minha própria emoção quer comunicar. Nessas situações, o sentimento pode continuar ativado ou reaparecer constantemente até que eu assuma a responsabilidade de lidar com ele.

É inevitável sentir emoções difíceis diante das atitudes dos outros—vamos nos frustrar, nos chatear, nos irritar e sentir medo. Nenhuma relação está imune a esses sentimentos. Se você convive com pessoas que nunca despertaram nada de “ruim” em você, talvez a relação não seja tão relevante assim.

Por outro lado, também existe a fantasia de que somos responsáveis pelos sentimentos dos outros. Com isso, fazemos de tudo para não desagradar ou machucar—mas isso é uma cilada! Ninguém tem esse superpoder.

Uma relação saudável se constrói no entendimento e na conciliação. Os conflitos fazem parte do convívio. Então, sempre que um sentimento difícil surgir, lembre-se: se você está sentindo algo que não quer, algo aconteceu.

Observe, identifique o que sua emoção está sinalizando e escolha agir conforme o que for importante para você. E, claro, vale investir em relações onde ambas as partes cultivam, juntas, a responsabilidade pela qualidade do vínculo.


Relacionamento em crise

 
 
 

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